Isabela Syrah 2023, da Vinícola Maria Maria, acaba de entrar para a história do vinho brasileiro ao conquistar medalha de ouro e 96 pontos na Decanter World Wine Awards 2025 (DWWA) — a maior e mais influente competição de vinhos do planeta. Realizada anualmente em Londres, a DWWA é reconhecida por sua rígida avaliação técnica, conduzida por um júri internacional composto por mais de 240 especialistas, incluindo Masters of Wine, Master Sommeliers e alguns dos nomes mais respeitados da crítica enológica mundial.
Nesta 22ª edição, mais de 17 mil amostras de 57 países foram degustadas às cegas em um processo meticuloso, criterioso e extremamente competitivo. O Brasil conquistou 145 medalhas, sendo uma única de ouro, entregue ao Isabela Syrah — que também foi o vinho brasileiro mais bem pontuado da história da DWWA até hoje. Um feito que extrapola fronteiras e marca um novo capítulo para a viticultura nacional, especialmente para a região do Sul de Minas Gerais, onde o vinho é produzido.
A grande estrela da vinícola, o Isabela Syrah, foi elaborado a partir de vinhedos próprios da Fazenda Capetinga, localizada em Boa Esperança. O segredo da excelência deste vinho está na adoção da técnica da dupla poda, um sistema revolucionário de manejo do vinhedo desenvolvido pela Epamig, que inverte o ciclo tradicional de produção. Nesse método, a colheita ocorre no inverno — período seco e ensolarado em Minas —, garantindo frutas mais equilibradas, concentradas e sadias, ideais para a produção de vinhos finos com alta expressão de terroir.
Vinificado em tanques de inox, sem passagem por barricas, o Isabela Syrah 2023 é um vinho que exalta a pureza da fruta e a elegância natural da casta Syrah, com um perfil aromático vibrante, boca envolvente e final longo. Seu nome é uma homenagem à enóloga da casa, Isabela Peregrino, figura central na elaboração do vinho e parte do projeto que levou a Maria Maria ao reconhecimento internacional.
Para o engenheiro agrônomo e diretor comercial da vinícola, Eduardo Junqueira Nogueira Neto, a premiação é a consolidação de um sonho que começou em 2009, quando a família — tradicional produtora de café há seis gerações — decidiu apostar na vitivinicultura de inverno. “As conquistas consagram a qualidade dos nossos vinhos e são um reconhecimento de todo o trabalho que desenvolvemos desde o início. Acreditamos na técnica da dupla poda e fomos pioneiros em adotá-la”, afirma Eduardo.
O prêmio também fortalece o papel da Maria Maria como uma das principais referências da nova geração de vinhos brasileiros. Localizada em uma área até então pouco explorada para a viticultura, a vinícola ajudou a colocar o Sul de Minas no mapa global do vinho. Além disso, a visibilidade da DWWA atrai novos olhares para o enoturismo na região, movimentando a economia local e estimulando novas iniciativas.
O portfólio da vinícola inclui ainda rótulos como o Gaia Syrah, o Gaia Gran Reserva, o branco Júlia Sauvignon Blanc, e o rosé Juliana Syrah, todos batizados com nomes de mulheres que marcaram a história da família. O nome da vinícola, aliás, é uma homenagem ao amigo Milton Nascimento e à canção “Maria Maria”, celebrando as raízes afetivas do projeto.
A produção da Maria Maria ainda é artesanal — a expectativa é de 50 mil garrafas em 2025 —, mas a qualidade já é digna das maiores vinícolas do mundo. “Ainda não exportamos, mas a medalha abre portas e desperta o interesse internacional”, completa Eduardo.
Com o ouro conquistado na DWWA 2025, o Isabela Syrah 2023 não é apenas um marco para a vinícola Maria Maria, mas um símbolo do potencial extraordinário dos vinhos de inverno do Brasil, e uma prova de que o futuro da viticultura brasileira passa também pelas montanhas de Minas.